O atual cenário politico brasileiro fez renascer um termo que a história preferia esquecer: o “fascismo” e, junto com ele, vieram também inúmeras discussões e debates. Mas afinal, o que é, de fato, o fascismo? O fascismo é um sistema politico autoritário nacionalista de extrema direita que defende ideias anticomunistas, antiparlamentares e antiliberais.
Nascido na Itália no início do século XX, o fascismo foi criado e idealizado por Benito Mussolini. Em pouco tempo, os ideais fascistas e suas variadas correntes de pensamento se espalharam pelo continente europeu e por países da América Latina, entre eles o Brasil.
Significado de Fascismo
A palavra fascismo deriva do latim fascio, ou seja, feixe. A palavra faz relação direta com o próprio símbolo do fascismo, o fascio littorio, uma espécie de machado envolto por feixes de varas comumente utilizado em cerimônias do antigo Império Romano e que simbolizam a união.
Fascismo na Itália: conceito e características do regime
Para entender o significado do fascismo é preciso voltar no tempo e compreender o contexto histórico em que ele foi criado. Após a primeira grande guerra mundial (1914-1918), a Europa estava arrasada social e economicamente. Na Itália, o cenário não era diferente.
O alto índice de desemprego e a situação econômica a beira de uma crise social fizeram surgir no país ideais revolucionários vindos tanto da extrema esquerda, quanto da extrema direita.
Nesse cenário efervescente do pós guerra, o jovem jornalista Benito Mussolini cria, em março de 1919, o “Fasci di Combatimento” e o “Squadri”, ambos grupos de combate e repressão aos adversários políticos, em especial os membros do partido comunista.
Em 1921, surgia oficialmente o Partido Nacional Fascista. Rapidamente, o partido passou de 200 mil membros para mais de 300 mil. Entre os principais filiados do partido estavam nacionalistas, contra revolucionários, anti comunistas e até mesmo desempregados.
A junção de greves gerais, crise do partido socialista – líder do congresso na época – e um governo que não tinha força suficiente para lidar com as questões sociais foi a terra fértil que o fascismo precisava para ganhar forças e crescer popularmente.
Não demorou muito para que em outubro de 1922, Mussolini liderasse a Marcha sobre Roma, reunindo mais de 50 mil simpatizantes do novo partido. A pressão popular fez com que o rei Vitor Emanuel III convidasse o líder dos fascistas para criar um ministério.
Aos poucos, Mussolini foi implantando seu plano de governo e impondo as características notórias do regime fascista, entre elas:
Características do fascismo:
Autoritarismo e totalitarismo
A principal característica do fascismo é a tendência ao autoritarismo e totalitarismo. Ou seja, todos os direitos dos cidadãos eram mantidos sobre controle absoluto do Estado, sejam eles sociais, culturais, econômicos ou políticos. No fascismo, o Estado controla todas as manifestações da vida pessoal ou coletiva. Há ainda que se destacar que no regime fascista a figura do líder era indiscutível, cabia a ele todas as decisões, pois era considerado o único capaz de saber o que a população necessitava.
Nacionalismo
O sentimento nacionalista e patriótico é muito evidente nos regimes fascistas. Nesse tipo de governo, a pátria está acima de qualquer interesse e cabia aos governantes e a população qualquer sacrifício para mantê-la livre de ataques inimigos de qualquer ordem, seja politica, econômica ou cultural. No fascismo também é comum o uso de símbolos, lemas e bandeiras enaltecendo o país.
Militarismo e segurança nacional
O regime fascista acredita no uso da violência como forma de se manter no controle e no governo. Por isso, os lideres fascistas tendem a investir quantias exorbitantes em armamentos e treinamento militar, não sendo raro privilegiar o setor bélico em detrimento de outras áreas, como saúde e educação. A polícia fascista é altamente militarizada é possui total liberdade para resolver assuntos internos, especialmente detendo, de modo arbitrário, aqueles que são considerados um risco ao regime.
Censura absoluta
A censura total à imprensa e aos órgãos de comunicação, bem como aos artistas e intelectuais é outra característica marcante do fascismo. Toda essa repressão à liberdade de expressão tem como principal objetivo silenciar qualquer tipo de manifestação contrária ao regime e que possa prejudicar o poder do líder.
Viés religioso
Outra característica notória do fascismo é utilizar do discurso religioso como meio de manipular a população. Era comum observar regimes autoritários fazendo uso de ideais religiosos para promover e confirmar suas ações.
Anti comunismo
Os fascistas rejeitam toda a ideia e conceito socialista e comunista de propriedade, luta de classes e igualdade social, sendo que qualquer individuo que fosse pego propagando ideais comunistas podia ser alvo de ataques violentos.
Hierarquias
A noção de hierarquia era algo muito presente nos regimes fascistas, sendo que dentro desse regime, os “mais fortes” eram os escolhidos para levar a nação a um estado de graça e prosperidade.
Fascismo no Brasil
No Brasil, o fascismo ganhou força com o governo de Plinio Salgado na década de 30. Inspirado no governo fascista italiano, Plinio fundou e liderou a Aliança Integralista Brasileira (AIB), partido de extrema direita que defendia um estado forte e combatia os preceitos comunistas.
Durante o Estado Novo (1937-1945) com o governo de Getúlio Vargas, o país também viu surgir os ideais fascistas caracterizados pela repressão, censura, unipartidarismo e a perseguição aos comunistas.
Facismo versus Nazismo
Importante, por fim, esclarecer que apesar de serem comumente confundidos, o fascismo e o nazismo são dois movimentos diferentes, apesar de possuírem algumas características parecidas, como os ideais nacionalistas e a tendência ao totalitarismo.
Mas a principal diferença entre eles é que o fascismo foi criado e introduzido na Itália no período entre a primeira e a segunda guerra mundial. Já o nazismo surgiu na Alemanha durante a segunda guerra mundial influenciado pelo fascismo. O principal representante desse movimento foi Adolf Hitler e a principal causa defendida pelo nazismo era a de uma raça pura (ariana), onde os principais alvos de ataques nazistas eram os judeus.